sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A Nobreza da República


Nas muitas tertúlias e debates que tenho com amigos meus sobre a questão de regime - Monarquia ou República - vejo serem-me "arremessadas" pelos meus amigos e colegas republicanos argumentos que a Monarquia não é "democrática", "justa" ou "paritária" do ponto de vista social e que promove o clientelismo através da concessão de títulos nobiliárquicos e de outras benesses por parte da Coroa...

A seu tempo e noutras oportunidades, terei tempo de mostrar que a democracia não significa, apenas, eleição, no sentido grego da sua construção, como significa também adesão popular, apoio e genuína identificação entre o Chefe de Estado e a Nação, no sentido romano do termo.

Vamos contextualizar, antes de mais...

A Nobreza existe desde tempos imemoriais. As Civilizações Pré-Clássicas já não prescindiam dela junto dos respectivos Monarcas. No Antigo Egipto desenvolveram-se fileiras e fileiras de nobres palatinos que cresceram junto do Faraó, apoiando-o na governação do Estado e na administração externa e negócios da guerra. Havia também os governadores provinciais - nomarcas - que garantiam uma administração mais próxima e desconcentrada, 3000 anos antes do nascimento de Jesus Cristo.

Na Mesopotâmia, as várias cidades-estado procediam ao mesmo tipo de trabalho. Reis como Sargão II e Hammurabi rodeavam-se dos seus "privados" e, constituídos em "curia" ou "assembleia magna" (o termo virá a ganhar mais propriedade no Período da Roma Antiga e não exactamente nesta época) decidiam os grandes assuntos do Estado.

A Nobreza nasceu para apoiar o Rei - através da promoção dos melhores quadros do país, os mais bem preparados para o exercício das mais altas funções públicas e privadas. A atribuição de cargos tinha na sua base, igualmente, o estabelecimento de laços de sangue entre a família real e grupos que iam fazendo a sua natural ascenção social. Objectivo: o bem do Reino.

Como é sabido, a República mostrou sempre a sua aversão pela atribuição destes cargos, considerando-os ofensivos para com aquele que é o princípio sagrado - a escolha feita por todos (a eleição). Ora, como é possível ver em todas as grandes Repúblicas, a começar pela nossa Portuguesa, existam "novas nobrezas" em que emergem:

- Gestores Públicos com principescos salários e poderes discricionários

- Quadros Polítcos que crescem à sombra de aparelhos partidários

- Enxames de carreiristas que, por serem "obedientes" e "caladinhos" cvão emergindo...

- Pessoas que aparecem em concursos televisivos e são nobilitadas pelas "revistas cor-de-rosa"

- Ligações pessoais nepóticas

E tudo isto na Sagrada e Sacrossanta observância de um regime aparentemente Republicano, mas em tudo sujo, clientelar, interesseiro e perverso, dominado pelas novas "aristocracias" partidárias em que a mediocridade, a falta de preparação, de cultura e de todos os escrúpulos criam o monstro que é hoje esta III República...

Pelo menos, enquanto vivíamos sob o signo de uma Monarquia, as pessoas eram escolhidas de acordo com perfis de competência e apetência, ou seguindo valores de fidelidade a princípios dentro de uma tradição familiar e de uma noção muito própria de Honra que se construía dentro de uma Gesta. No exercício dos cargos constituíam-se como uma "Nobreza" porque, no geral, eram de facto "Nobres" e íntegros.

Cada vez mais considero urgente um debate sobre o nosso regime político, totalmente desacreditado, descredibilizado e que, sob o chapéu enganador do voto na Chefia do Estado - em tempo de Presidenciais - tem contribuído para que se cometam as maiores arbitrariedades sendo importante sublinhar que o povo só é chamado a votar em eleições ou referendos quando interessa.

DESEJO A TODOS UM EXCELENTE 2011!

sábado, 25 de dezembro de 2010

Um Santo Natal


A equipa do "Verdades Portuguesas" deseja a todos os nossos leitores e amigos um Santo e Feliz Natal de 2010 e um Ano de 2011 cheio de Saúde, Sucessos e Paz

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Finis Patriae


Escrevia Guerra Junqueiro, em 1886, sobre a realidade portuguesa:

"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas..."

Tão real, tão poderosamente contemporâneo...