É raro ouvir alguém falar - de forma tão certeira e sintética - sobre Educação.
Aconteceu em Aveiro, numa sessão do forum "Portugal de Verdade" (iniciativa promovida pelo Partido Social Democrata), subordinada ao tema "Educação: pelo mérito, pela exigência, pelo rigor", onde usou da palavra o Professor Nuno Crato, um dos grandes nomes (inter)nacionais da pedagogia da matemática (eu diria da pedagogia "tout cours"). O vídeo pode ser visto aqui.
O Programa delineado pelo Professor Nuno Crato é muito simples:
- Avaliação externa da qualidade do nosso ensino - ou seja, realização de exames nacionais em todos os anos de escolaridade (o Prof. Nuno Crato referiu que há - APENAS - duas disciplinas que são avaliadas, efectivamente, ao longo dos anos: Português e Matemática). Sem notas, sem avaliações, não é possível saber se o caminho que está a ser seguido é o mais correcto.
- A definição rigorosa e adequada dos programas curriculares pelo Ministério (com conteúdos exequíveis e que sejam aplicáveis) que não estejam eivados de teorias educativas ultrapassadas e que correspondam a modelos anacrónicos e vetustos.
- Qualificação e Avaliação dos Professores (com base nos resultados, tendo por base uma avaliação externa e através de um investimento concertado do Ministério da Educação na sua formação - revendo a formação em Ciências da Educação, apostando na vertente "didáctica" e não "sociológica" - e do acompanhamento constante da tutela - não deixando os "professores entregue às feras". Defende, ainda, a prova nacional de ingresso na carreira docente).
- Acabar com o Ministério da Educação como está pensado actualmente (uma medida "anarca", mas necessária) ou seja: repensar as competências do Ministério da Educação (o exemplo dado é flagrante - quem é o Ministério para fixar a duração dos tempos lectivos? Quando muito deverá aconselhar os tempos mínimos, mas as escolas é que deverão organizar as suas actividades lectivas).
Já agora, Nuno Crato coloca 2 questões MUITO pertinentes:
- Será que o modelo pedagógico de competências não mascara uma certa vontade de apostar numa pedagogia de entretenimento em vez daquela que deve ser a base curricular central - o conhecimento científico?
- Não deveremos rever toda a nossa actual teoria educativa?
Acho que são ideias que merecem ser discutidas e, se possível implementadas. A canseira (a estafeira) de se produzir tanta teoria educativa sem qualquer resultado prático ao nível da qualidade do ensino julgo que nos deve - a nós Professores e a todos os agentes educativos - deixar a pensar ...
Bravo, Nuno Crato! Pena que não o tenhamos na 5 de Outubro ...
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