Afonso de Albuquerque nasceu na vila de Alhandra, em 1462. A sua família tinha origens nobres (a mãe, Dona Leonor de Meneses, era filha do Conde da Atouguia) e estava ligada ao serviço da Casa Real.
Afonso foi educado na corte do "Africano". A sua ligação à arte da guerra começou em 1480, quando (com 18 anos, na flor da idade) parte numa expedição para ajudar o Rei Fernando III de Nápoles a reprimir as investidas turcas.
A sua ligação ao Príncipe D. João (futuro D. João II) é outro dado importante da sua biografia: foi estribeiro-mor (ajudante de estribos) do Príncipe, em 1476, na altura das guerras com Castela, travadas por causa do apoio português à princesa Dona Joana (a chamada "Beltraneja") contra Isabel, "a Católica".
Participa igualmente nas expedições a Arzila e Larache (1489), sendo nomeado membro da guarda pessoal do monarca no ano seguinte. Em 1503, Afonso de Albuquerque desloca-se, pela primeira vez, à Índia para participar na construção do Forte de Cochim, na companhia do primo, D. Francisco de Albuquerque.
Mas a sua vida seria marcada, mais que tudo, pela conquista e pela estratégia militar. Em 1506, regressa à Índia (depois de ter sido bem recebido por D. Manuel I, no Paço da Ribeira) onde vai conquistar vários portos aos Omanitas, tendo chegado até ao importante entreposto insular de Ormuz.
Em 1509 é nomeado, por D. Manuel I, "Vice-Rei da Índia" (cargo que conservou até 1515, data da sua morte).
Em 1510, conquista a cidade de Goa, uma das suas grandes façanhas militares, fazendo com que a cidade se tornasse capital do Império Português na Índia e fosse considerada por muitos "a Roma do Oriente". No ano seguinte conquista Malaca e abre caminho ao controlo português da rota das especiarias orientais, anteriormente controlada por venezianos e turcos.
Já no ano de 1513, Albuquerque tenta tomar a estratégica cidade de Aden, importante centro de comércio, sem sucesso. Em 1515 superintende a construção da fortaleza de Ormuz, concluíndo a sua táctica de controlo de pontos estratégicos com vista à conservação do monopólio comercial das especiarias.
A fase final da sua vida é dedicada a intensos contactos diplomáticos com vista à obtenção da paz com o Samorim de Calecute, à consumação de casamento mistos entre cidadãos portugueses e indianos, bem como ao engrandecimento da cidade de Goa.
Afonso de Albuquerque, ao contrário do seu antecessor como Vice-Rei, D. Francisco de Almeida, considerava que o domínio português no Oriente não se podia resumir ao controlo da costa: era necessário penetrar no interior e fazer conquista de cidades com grande valor militar e estratégico que garantissem a estabilidade e segurança do Império. Infelizmente, esta estratégia foi abandonada após a morte de Albuquerque.
Um grande estratega, um homem que teve visão de futuro e que teve também a coragem de afrontar o monarca quando foi preciso impor uma visão realista da nossa presença na Índia.
PARA SABER MAIS:
Bouchon, Geneviéve - Afonso de Albuquerque: o Leão dos Mares da Ásia. Lisboa: Quetzal editores, 2000.
Mais uma das grandes personagens desconhecidas da nossa história... De facto é pena que não tenha sido seguida a estratégia dele. Gostava de pensar que teria sido por factos de maior relevância, mas infelizmente, algo me diz que terá sido por factos menores...
ResponderEliminarA tua intuição histórica é correcta ...
ResponderEliminarA estratégia de Albuquerque teria sido um enorme avanço na construção do nosso Império, em termos territoriais e políticos.
Acho que ele percebeu o avanço do imperialismo colonial muito antes do seu tempo. Pena que muitos pensassem apenas no comércio costeiro e não investissem na descoberta do interior ...
Portugal ficou a perder