terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

"O Contrato" com a qualidade


Tive ontem oportunidade de assistir, numa sala de cinema perto de minha casa, à exibição do filme português "O Contrato", realizado por Nicolau Breyner e livremente inspirado na fabulosa obra de Dinis Machado (com o pseudónimo de Dennis McShade) - "Requiem para D. Quixote".
Nicolau Breyner, um experientíssimo (e grande) actor português, aventura-se - pela primeira vez - na realização cinematográfica, fazendo uma adaptação livre da obra de Dinis Machado (na foto). Foi um grande desafio para o sábio Breyner, que conta já uma longa carreira na produção de séries de ficção nacional e, sobretudo, na direcção de actores em televisão e em teatro. Foi uma "verdadeira aventura", segundo o próprio confessou nas várias entrevistas que concedeu à comunicação social.


Acho que o filme reúne actores fabulosos: desde logo Nicolau, como já se disse, mas também José Raposo (que está cada vez melhor actor), José Wallenstein (que faz um belíssimo papel de "travesti" poético e até filosófico), Vítor Norte (que desempenha muito bem papéis da "pesada", mas que, conforme o tempo passa, aperfeiçoa a sua técnica e as suas personagens), Adelaide João (uma grandíssima actriz que faz um dificílimo papel de idosa internada num lar, completamente alienada do mundo e presa ao seu próprio passado), Sofia Aparício (que desempenha o papel de mulher fatal e, ao mesmo tempo, oportunista e interesseira), Cláudia Vieira (uma das mulheres mais belas que conheci, no meio artístico português, que preconiza uma enfermeira/mulher do "sub-mundo" do crime, com notável qualidade e que nos dá pormenores da sua rara beleza e da sua sensualidade) e, claro, Pedro Lima (um actor que não esperava se tornasse numa espécie de James Bond "à portuguesa" - mas tornou e bem! -mas que encarna um papel de um assassino profissional que vai revelando pormenores do seu passado, mas demonstra grandes fragilidades emocionais ...).


Recomendo a todas e todos os meus amigos leitores deste blog uma ida à sala de cinema para ver este fantástico filme que reúne os seguintes condimentos: um texto excelente, um enredo muito bem construído, grandes actores e uma dinâmica de acção electrizante. Não sendo perito em cinema (se é que o sou em alguma coisa), os pormenores técnicos escapam-me. Mas creio que vale a pena ler a crónica do grande Lauro António sobre o filme aqui.


Por último, uma nota de reflexão: por que é que continuamos a não dar valor às excelentes produções que fazemos por cá (ainda por cima com baixos custos, segundo li aqui) e vamos, insistentemente, às salas de cinema para consumir porcarias que, só por serem pagas por estúdios de Hollywood, ou de Londres, ou de Paris já são "notáveis obras de arte". Valha-nos Deus ...

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