João Domingos Bomtempo é um dos nomes maiores da nossa música.
Nasceu em Lisboa em 1775 (2 anos antes da morte de D. José e da queda de Pombal) e, desde muito cedo, a sua vida liga-se, umbilicalmente, ao mundo da música. O seu pai era oboísta na corte (de D. José I) e foi o seu primeiro mestre. João Domingos bebeu também muitos ensinamentos da influência musical italianizante que perdurava, em Portugal, desde o reinado de D. João V.
Bomtempo decide partir com 26 anos para Paris, onde procura enriquecer-se e aprender mais. É na cidade luz que encontra a figura tutelar de Filinto Elísio - um dos poetas mais marcantes da corrente neo-classicista. Bomtempo acaba por ver a sua obra (re)conhecida e publicados os seus primeiros trabalhos pelas casas musicais Leduc e Pleyel.
Com o agravar da situação em França, devido às Guerras Napoleónicas, Bomtempo procura refúgio em Londres (1810). Aqui será apoiado pelo embaixador português, D. Domingos de Sousa Coutinho e terá oportunidade de compor algumas das suas obras mais importantes:
- Hino Lusitano. Op. 10 (em homenagem à vitória luso-britânica na Guerra Peninsular)
- Primeira Grande Sinfonia. Op. 11
- Uma Sonata Fácil para Piano. Op. 13
Com a situação da Europa mais estabilizada depois do Congresso de Viena, Bomtempo regressa a Portugal (comemorando o seu regresso com a composição da cantata "A Paz da Europa", Op. 17). Entre 1816 e 1818, em função da situação política e social, a sua vida decorrer entre Lisboa e Paris.
Em 1817, por ordem de D. João VI, dirige as exéquias oficiais em torno da morte de Dona Maria I. Será em 1818 - talvez na sequência da morte da Rainha - que vai compor a sua obra prima: o "Requiem" (Op. 23), que dedicou à memória de Camões.
Após a morte de D. João, Bomtempo vê-se novamente forçado a deixar o país, tendo tido asilo político da Embaixada de Portugal na Rússia, enquanto durou a convulsão do Miguelismo.
Bomtempo regressará definitivamente a Portugal com o triunfo do regime constitucional, após 1834. Neste período, colaborará com Almeida Garrett na organização do Conservatório Nacional, sendo-lhe dada a responsabilidade directiva da Escola de Música. Foi também nomeado chefe da Orquestra da Corte e Professor de Piano.
Depois de todo este currículo e de termos oportunidade de ouvir o sublime e magnífico requiem que poderão escutar aqui (I parte - Kyrie; depois poderão procurar no "youtube", sucessivamente, as partes II, III, IV, V e VI)), não percebo comentários como este: "A música de Bomtempo, apesar de revestida de inegável qualidade e de ter alargado o panorama musical português da época, não é vanguardista sendo mesmo menos moderna que a de Haydn e Mozart e muito menos do que a de Beethoven (seu contemporâneo e compositor de transição clássico-romântico)" (Fonte: Wikipedia).
Bomtempo pode não ser arrojado e vanguardista, mas tem uma capacidade inegável de composição e este requiem é muito bom. Termino com uma frase da mesma fonte que me parece inteiramente justa:
"Por último é importante referir que João Domingos Bomtempo foi sempre defensor dos valores portugueses e na sua obra assumem posição de relevo os valores da liberdade individual e da soberania da nação portuguesa" (Fonte: Wikipedia).
Ao grande Bomtempo, a minha homenagem: como grande músico e, também, como enorme português que sempre defendeu esta pátria periférica ... Portugal tem uma tendência visceral para esquecer os seus mais dilectos filhos
Boa música, de facto. No entanto, talvez na minha ignorância, não posso deixar de reparar que este aparenta possuir uma grande ligação á igreja.
ResponderEliminarSim, sem dúvida
ResponderEliminarMúsica coral polifónica e também sinfónica, com grande ligação ao imaginário religioso!~
A Música Sacra é das músicas mais sublimes que há no mundo e mais ainda para quem tem fé ... Sente mais