sábado, 3 de janeiro de 2009

Um pato ortografico

Apesar de me chamar Silva, sou um descendente da venerável da familia dos Pato. O meu avô chamava-se Pato, mas tinha vergonha do nome, porque na epoca pato era calão para Idiota. Hoje em dia pato perdeu o significado insultuoso e é apenas um nome de uma ave. Ou será? Pelos vistos não... de acordo com o novo acordo ortográfico pato e pacto passam a ser a mesma palavra.
O acordo ortográfico Português é inedito na nossa história e no mundo por obrigar o pais de origem da lingua a adaptar-se a maneira de falar e escrever da ex-colónia. O facto de Portugal perder o controlo da sua propria lingua é, na minha opinião, razão suficiente para nos sentirmos preocupados. Então, andamos nos durante quase 900 anos a dar porrada em castelhano-lenoses, mouros, espanhois, franceses e a proteger o nosso direito à independência e identidades nacionais para agora vir este ridículo pacto (perdão... pato ) ortográfico para deitar por terra uma importante parte dessa cultura.
Não me interpretem mal, não me oponho à evolução da nossa lingua, muito pelo contrario; umas das principais razões porque sou contra este acordo ortográfico é porque penso que em última analise irá ser, precisamente, um entrave ao natural progresso da Lingua Portuguesa. Reparem, no exemplo do pato, que ganhou e perdeu a cariz insultuosa, não devido a um qualquer acordo ortográfico mas sim à forma como as pessoas que realmente falam a lingua passaram a usar essa palavra. Pelo contrário, este acordo introduz mudanças artificiais à lingua. Se é verdade que em varias palavras o c é mudo (pelo que na pratica não será notada a diferença), também é verdade que as palavras pacto e pato ( ou facto e fato) não são homofonas, e os portugueses (ao contrário dos brasileiros) lêem de facto (perdão, de fato) o c.
Mas o problema parece mais profundo que isto. Efectivamente, as alterações na lingua acabam por ser pequenas e, como varias pessoas já sugeriram, em pouco tempo nos habituaremos à nova forma de escrever. No entanto, na minha opinião o verdadeiro problema está no facto de o Portugues e o chamado Portugues do Brasil terem, mais tarde ou mais cedo, de se tornarem linguas distintas. E esse momento parece-me ser agora!!Tenho muito orgulho na minha lingua e gostaria que um país com o tamanho do Brasil a falasse. Mas, na verdade, eles ja não o fazem: o que se fala e escreve no Brasil muito dificilmente se pode chamar Português.
O Brasil já existe há 500 anos, e desde essa época (devido à separação geográfica e à independência do pais), a nossa lingua tem evoluído de forma distinta nos dois paises. Se chegamos ao ponto de precisarmos de um acordo ortográfico, penso que deveriamos comecar a pensar em dar a independência linguistica ao Brasil ( e em devolvermos o Portugues a Portugal).

P.S.: A separação das linguas teria o efeito benéfico de finalmento termos páginas da wikipedia
num portugues correcto e perceptivel

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