sábado, 17 de janeiro de 2009

Um tempo de reorganização

Na passada quinta-feira, a presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite teve oportunidade de esclarecer muitas das posições do partido que lidera em questões importantes como os grandes investimentos públicos, a luta contra a crise económica actual e os próximos combates eleitorais. Com grande serenidade e maturidade política, Ferreira Leite rejeitou liminarmente obras megalómanas como o TGV; afirmou que o país se deve "voltar para dentro" e investir toda a folga orçamental nas nossas empresas e na potenciação da nossa economia; disse que a dívida pública aumentou, só no último ano, 67% (penso que é assustador) e que é vergonhoso que em poucos meses, se apresente um orçamento rectificativo que duplica a despesa (note-se que passamos de um défice de 2,2 para 3,9%).
Esteve mal quando disse que o PSD tem marcado a "agenda política" com os temas que tem trazido para a praça pública (as intervenções de Paulo Rangel têm sido "intermitentes" e o comportamento da bancada do PSD ainda não foi esquecido ... e depois houve os imensos silêncios, recorde-se ...).

Por outro lado, MFL teve ocasião de desafiar Sócrates a um debate em que se confrontem as propostas de ambos para o futuro do país - coisa que o primeiro-ministro não aceitou, sem dizer a razão (segundo MFL), mas que permitiu, desde logo, à Presidente do PSD afirmar que o senhor Sócrates está a "jogar à defesa" ... E porque não?

Penso que MFL esteve bem nesta entrevista com uma Judite de Sousa a insistir especialmente na "tecla" da divergência política entre Ferreira Leite e Santana Lopes ... Acho que podia ter colocado outras perguntas para que o país perceba o que pensa a líder da oposição de questões tão importantes quanto o controlo asfixiante da informação pelo Governo, a pobreza crescente, o deesemprego galopante ... enfim ... o que não faltava eram temas ... Mas Judite perdeu-se no "politiquês" intriguento. Já nesta sexta-feira, MFL participou num comício onde denunciou as "queixinhas" feitas por José Sócrates a José Luis Rodriguez Zapatero, segundo as quais a oposição, em Portugal, não aprova a construção do TGV (será que Sócrates está com medo?). MFL não é, nem nunca será (a própria o reconhece com honestidade) uma grande tribuna, mas não esteve mal ...

Este fim de semana teremos também o congresso do CDS-PP (sobretudo deste último = Paulo Portas). Parece que haverá apoio a Santana Lopes na CML e há margem para um entendimento mais alargado nas autarquias ... A ver vamos ... De qualquer forma, ao seu estilo, Portas agarrou-se àquelas que têm sido as bandeiras do seu partido na luta na arena parlamentar e na esfera pública: os impostos sufocantes, as baixas pensões, a insegurança e a necessidade de reforçar o controlo das autoridades, bem como a substituição do actual modelo de avaliação dos docentes.

Penso que este fim de semana pode servir para retemperar baterias na oposição "mais à direita" (até me arrepio de dizer isto porque acho que, no actual espectro parlamentar, não temos ninguém mais à direita que o PS de Sócrates). O país bem precisa de mais energia, mais debate e mais esclarecimento ...

Sem comentários:

Enviar um comentário