quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Um farol de esperança?


Estou certo que depois de lerem este post, muitos dos meus leitores e queridos amigos me vão achar no limiar da sanidade mental e, provavelmente, possuído de um errado sentido de avaliação das declarações de um político, mas cá vai:

Vi, atentamente, a entrevista de anteontem a Alberto João Jardim, superiormente conduzida por aquele que é - na minha modesta opinião - uma das nossas mais luminosas referências do sector mediático: Mário Crespo. Neste novo espaço de entrevista - que estou certo que, pela qualidade do moderador, fará frente à tradicional "Grande Entrevista", de Judite de Sousa - vi um Alberto João Jardim empenhado numa mudança radical (para bem) do país e com uma perspectiva muita clara sobre aqueles que são - neste momento - os problemas estruturantes do nosso atraso secular: o clientelismo, a falta de ambição e a ausência de prioridades correctas.

Alberto João começou por dizer "estou aqui para falar aos portugueses" - e disse mais: "para lhes falar ao coração". Ao contrário de um falso fato de Estado - amorfo, pseudo-responsável, mas oco - em que muitos dos nossos políticos parecem gostar de se enfiar, Alberto João reflectiu lucidamente sobre o fracasso da nossa democratização (na senda dos artigos que vem escrevendo, desde há alguns anos, na sua coluna n'"O Diabo") e sobre - digamo-lo claramente - a hipocrisia e o fracasso absoluto da governação do senhor Sócrates.

O Presidente do Governo Regional da Madeira lembrou ainda as mentiras e maquinações urdidas pelo actual status quo quanto ao nível de vida e aos rendimentos dos madeirenses, em comparação com o restante território nacional e reafirmou que não é separatista e que quem possa ler nas suas declarações vontade de tornar a Madeira independente não está a perceber o verdadeiro alcance das suas declarações de há mais de duas décadas e meia a esta parte: a crítica a um sistema de fartar vilanagem, em que impera a mediocridade e o "yes menismo".

Posso achar que Alberto João Jardim já foi inconveniente e, até, mal educado em muitos momentos da sua carreira política. Creio que por muito nobres que sejam os nossos objectivos políticos, nunca devemos renunciar ao valor do trato urbano no relacionamento com os nossos semelhantes (mesmo que às vezes nos apeteça insultá-los - que é o que merecem ...), mas também tenho que reconhecer que em muitas situações, João Jardim foi retumbantemente verdadeiro quanto ao que penso e muitos pensam (mas, secalhar, não têm coragem de o dizer por palavras tão directas e frontais).

Vi um Jardim diferente do estilo madeirense, para consumo doméstico na ilha. Um Jardim com vontade de combater este fatalismo que parece ser a tentativa de "união nacional" em torno de José Sócrates, sob a pretensa ideia de que "não há alternativas".

Creio que Jardim deu uma ideia muito clara, a quem o ouviu: que - precisamente - "há alternativas!"

1 comentário:

  1. Claro que as há, subscrevo tudo o que diz e acrescento - Alberto João Jardim e Mário Crespo: duas personalidades que respeito muito!
    São frontais, homens de acção e incisivos qb!
    Abraço Amigo

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