quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Mulheres que fizeram História - Marie Curie
Nasceu a 7 de Novembro 1867, em Varsóvia, a mulher que em 1903 recebeu o Prémio Nobel da Física juntamente com o Marido, Pierre Curie e Becquerel.
Maria era o seu nome de baptismo e aquele que após ter abandonado o seu país Natal, a Polónia, veio a converter no seu equivalente francês, Marie.
Marya Sklodowska, filha de Vladyslaw Sklodowski (professor de física no liveu da cidade), ingressou na Faculdade de Ciência da Sorbonne em 3 de Novembro de 1891 onde passou a ser conhecida como Marie.
Foi numa reunião em casa de Kowalski (professor polaco de física que se encontrava de visita a Paris) que conheceu Pierre Curie com quem casou em 1895.
Em 1898, as experiências encetadas por Marie e Pierre Curie permitem-lhes concluir que a Pecheblenda continha um elemento até então desconhecido e cuja radiação emitida é superior à esperada a partir do urânio que contém.
A pesquisa da radioactividade torna-se na coisa mais importante das suas vidas. O que Pierre e Marie então desconheciam eram os efectivos efeitos nefastos associados à sua notável pesquisa.
Após a morte de Pierre Curie, Marie dedica-se ainda com mais afinco ao trabalho. Como recompensa do seu labor consegue obter um grama de rádio que sem hesitar ofereceu à Universidade.
Marie recebeu o Nobel da Química pelo isolamento do rádio em estado puro em 1911.
Com o estalar da Primeira Guerra Mundial Marie apercebe-se dos problemas quanto à falta de unidades de raios X e, prática como sempre, estrutura uma frota que passou a ser conhecida como "As pequenas Curies" e que tinha como primordial objectivo levar o precioso auxiliar de diagnóstico a todos os campos de batalha franceses.
Findo o conflito a fama faz com que se sinta embaraçada, efectivamente, após receber dois prémios Nobel, seis outras nomeações e enquanto sócia honorária de mais de oitenta sociedades científicas, Marie prevalece humilde. De facto, como disse Einstein "Marie é entre as pessoas nomeadas a única que a fama não corrompeu".
Madame Curie, a sonhadora, faleceu no dia 4 de Julho de 1934 tendo afirmado um dia que "Os sonhadores não merecem a riqueza, porque não a desejam...".
Portugal momento "Zen"
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Grandes Portugueses I - São Martinho de Dume
Começo com uma figura que, desde logo, não é portuguesa: nasceu na Panónia, na Hungria, mas desde muito cedo veio para um território que hoje faz parte de Portugal, mas que na altura se chamava Reino dos Suevos, o povo bárbaro (germânico) que ocupou o território que é hoje o Norte de Portugal após a queda do Império Romano. Estudou Teologia e Grego no Oriente.
Martinho viveu no século VI d.c e a visita ao túmulo do seu homónimo Martinho de Tours (o homem em honra do qual hoje se comem castanhas e se conta a história da capa dividida ao meio) marcou-o bastante. Fixou-se nos arrabaldes de Bracara Augusta, na "villa" de Dume, onde fundou um Mosteiro. Será feito Abade deste Mosteiro e, também, Bispo-Abade (algo que acontecia no monaquismo de influência irlandesa: veja-se o caso de Mailoc e da sua diocese da Britónia e também São Patrício na Irlanda).
Mais tarde. Martinho seria feito Arcebispo de Braga, tendo desempenhado um papel fundamental na evangelização do povo suevo, que praticava um culto "herético" aos olhos da Igreja Romana - o Arianismo. Martinho foi decisivo na sua conversão ao catolicismo, tendo a metróple bracarense crescido sob o signo do seu episcopado. Este foi o seu grande combate junto dos seus colegas bispos no Concílio de Braga de 563.
Das suas obras mais marcantes destacam-se "De correctione rusticorum" (ou "da civilização" dos rústicos), "Formula vitae honestae" (Fórmula da vida honesta) e os "Capitula Martinae" (normas capitulares que produziu enquanto Arcebispo de Braga). Foi Martinho de Dume que criou o nosso actual calendário diário, ao substituír os dias da semana apelidados segundo os deuses romanos e os elementos da natureza (p. ex: Lunae dies, Martis dies, Mercurii dies, Jovis dies, Veneris dies, Saturni dies e Solis dies), para os substituír por terminologia eclesiástica ligada aos trabalhos agrícolas (Feria secunda, Feria tertia, Feria quarta, Feria quinta, Feria sexta, Sabbatum, Dominica Dies).
Para saber mais:
- SOARES, Luís Ribeiro - A linhagem cultural de S. Martinho de Dume. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1997.
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Martinho_de_Dume (excelente artigo, com rigor histórico e sucinto).
domingo, 25 de janeiro de 2009
Surpreendente...
Num outro assunto, gostei de saber que ainda há quem prefira a cultura ao invés da estupidez. Ver um futebolista trocar os pontapés na bola pela musica é algo deveras interessante. Neste caso, o jogador do West Ham vai tocar saxofone, e vai ser bem pago... E é algo que deveria acontecer sempre.
Um grande homem... Daniel Tammet. Recomendo a entrevista que este fez á Scientific American. O meu pai uma vez disse-me... "Não tentes decorar as coisas, compreende-as". Palavras sabias. Apesar de ainda hoje muitas coisas me escaparem á compreensão, esta entrevista aborda muitos tópicos interessantes, desde a memorização, ao facto de a maioria dos intelectuais serem anti-sociais. Mas o que eu acho importantíssimo é a questão do... QI. Hoje em dia, não existe trabalho minimamente bem remunerado no qual não façamos um teste de QI. Todas as empresas querem saber o que valemos em QI, o que eu também acho ilusório. Por um lado, sabem parcialmente aquilo que nós somos capazes. No entanto, tal como ele refere, o teste de QI é uma simplificação da inteligência. Também não conta com algo tão simples e importante como a criatividade, e outras capacidades intrínsecas do nosso cérebro. Só espero que tenhamos consciência de tudo isto...
Links:
Futebolista Inglês:
http://blitz.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=bz.stories/38741
Vale e Azevedo:
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/492210
Grande Entrevista na Sciam:
http://www.sciam.com/article.cfm?id=savants-cognition-thinking
Já basta de crise!
sábado, 24 de janeiro de 2009
Politiquices.... Livros & Manias
Ultimamente ando a ler um grande livro, um mundo sem fim. Recomendo avidamente a todos os que possam lê-lo... Até certo ponto, assemelha-se a uma telenovela, com as suas intrigas. No entanto, não posso deixar de me ficar fascinado com os jogos de poder descritos no livro. Faz-me pensar de uma forma muito clara que já antigamente se valorizavam os cretinos sem escrúpulos que apenas queriam subir na vida, nem que para isso tivessem que vender a alma ao diabo ...
Num outro assunto, quando cheguei a casa verifiquei que existiam chás de emagrecimento, e adelgacantes e tal ... Ora, a novidade disto é nula, no entanto, existe sempre quem use. Acho irónico que as mulheres achem que isto é uma forma de emagrecimento e de se manterem esbeltas, quando na realidade estão meramente a ser enganadas. Por outro lado, e apesar de na nossa cultura se achar belo aquilo que se encontra segundo alguns pré-requisitos, não posso deixar de pensar no ridículo o quanto isto se apresenta, apesar de ser homem e também saber apreciar. No entanto, se querem tanto emagrecer e parecer esbeltas, porque não vão para o ginásio ? Faz muito mais sentido do que andar a tomar o inútil cházinho das cinco para perder os 5 quilinhos... E isto sem falar daquelas mulheres que pesam 40 quilos e pensam que são gordas!... Meninas, NENHUM HOMEM GOSTA DE ESQUELETOS!! Por amor de Deus, metam isso na vossa cabeça! Puxa...
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Será que ainda é possível acreditar?
quarta-feira, 21 de janeiro de 2009
Uma sugestão de leitura
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
João Aguardela
O poeta das canções
sábado, 17 de janeiro de 2009
Um tempo de reorganização
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Pontos nos iii
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Um farol de esperança?
Estou certo que depois de lerem este post, muitos dos meus leitores e queridos amigos me vão achar no limiar da sanidade mental e, provavelmente, possuído de um errado sentido de avaliação das declarações de um político, mas cá vai:
Vi, atentamente, a entrevista de anteontem a Alberto João Jardim, superiormente conduzida por aquele que é - na minha modesta opinião - uma das nossas mais luminosas referências do sector mediático: Mário Crespo. Neste novo espaço de entrevista - que estou certo que, pela qualidade do moderador, fará frente à tradicional "Grande Entrevista", de Judite de Sousa - vi um Alberto João Jardim empenhado numa mudança radical (para bem) do país e com uma perspectiva muita clara sobre aqueles que são - neste momento - os problemas estruturantes do nosso atraso secular: o clientelismo, a falta de ambição e a ausência de prioridades correctas.
Alberto João começou por dizer "estou aqui para falar aos portugueses" - e disse mais: "para lhes falar ao coração". Ao contrário de um falso fato de Estado - amorfo, pseudo-responsável, mas oco - em que muitos dos nossos políticos parecem gostar de se enfiar, Alberto João reflectiu lucidamente sobre o fracasso da nossa democratização (na senda dos artigos que vem escrevendo, desde há alguns anos, na sua coluna n'"O Diabo") e sobre - digamo-lo claramente - a hipocrisia e o fracasso absoluto da governação do senhor Sócrates.
O Presidente do Governo Regional da Madeira lembrou ainda as mentiras e maquinações urdidas pelo actual status quo quanto ao nível de vida e aos rendimentos dos madeirenses, em comparação com o restante território nacional e reafirmou que não é separatista e que quem possa ler nas suas declarações vontade de tornar a Madeira independente não está a perceber o verdadeiro alcance das suas declarações de há mais de duas décadas e meia a esta parte: a crítica a um sistema de fartar vilanagem, em que impera a mediocridade e o "yes menismo".
Posso achar que Alberto João Jardim já foi inconveniente e, até, mal educado em muitos momentos da sua carreira política. Creio que por muito nobres que sejam os nossos objectivos políticos, nunca devemos renunciar ao valor do trato urbano no relacionamento com os nossos semelhantes (mesmo que às vezes nos apeteça insultá-los - que é o que merecem ...), mas também tenho que reconhecer que em muitas situações, João Jardim foi retumbantemente verdadeiro quanto ao que penso e muitos pensam (mas, secalhar, não têm coragem de o dizer por palavras tão directas e frontais).
Vi um Jardim diferente do estilo madeirense, para consumo doméstico na ilha. Um Jardim com vontade de combater este fatalismo que parece ser a tentativa de "união nacional" em torno de José Sócrates, sob a pretensa ideia de que "não há alternativas".
Creio que Jardim deu uma ideia muito clara, a quem o ouviu: que - precisamente - "há alternativas!"
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Panem et Circenses
Sinceramente, pensei que esta semana vos iria dar um pouco mais de descanso relativamente aos meus posts incómodos sobre a análise da nossa actualidade, mas eis que me vejo confrontado com o insólito cenário de, na rádio pública portuguesa - mais concretamente na Antena 1 - o jornal de desporto ser ocupado em cerca de 90% com a análise (mais que escrupulosa, enervante) da cerimónia de logo mais em Zurique em que - ao que tudo indica - Cristiano Ronaldo será entronizado como "melhor jogador do mundo" pela FIFA (segundo votação dos capitães de equipa e dos seleccionadores nacionais dos mais de 200 países representados na FIFA).
Eis que me dou comigo a pensar ... É exactamente deste tipo de divertimentos, de "evasões" e de escapadelas mediáticas que os nossos amados governantes precisam para ir mantendo a "ralé" (Paula Teixeira da Cruz dixit) entretida (vejam aqui!)... Entretanto, ficamos a saber que os concursos públicos para a adjudicação de obras públicas pelas autarquias e particulares foram alvo de um "simplex" e há mais dinheiro para distribuír (quiçá por banqueiros e outros beneméritos) ... Tudo bons rapazes
E toda a gente vai cantando e rindo com isto ou - no mínimo - assobiando para o lado, não percebendo que o futuro do país está a ser hipotecado por uma onda de sucessivos "desgovernos" pelos partidos do "centrão", que vão depauperando o tesouro e esfolando o contribuinte que tem que fazer todos os anos uma imensa maratona para que o Estado - gordo e pesado - faça uma marcha de pouco mais de 50 metros ...
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Pombinho Grelhado
"Trata-se de um abate "selectivo e localizado" de algumas centenas de indivíduos que visa o "afugentamento" das aves,"
Ora bem, vejamos o que está dito. Se lermos a expressão literalmente, conclui-se que ao matar as aves, estas fogem. Não sabia que as aves mortas fugiam. Por outro lado, e assumindo que estes sabem o que fazem, no fundo não estão a pensar a longo prazo. Ou seja, assumindo que as aves possuem um certo tipo de consciência, esta geração sabe que não deve ir para aquela zona sob o risco de morte. Mas a próxima desconhece este facto, e mais cedo ou mais tarde, irá parar aquela zona. Não basta estarem a abater uma espécie em vias de extinção, como também estão a tomar pedidas apenas provisórias.
Por outro lado, também não existe consciência do que a extinção de uma espécie poderá provocar no meio ambiente. Todo o ecossistema madeirense poderá sofrer caso esta espécie, de facto, se extinga. Se eu estivesse no governo madeirense, pensava melhor antes de tomar este tipo de medidas, mas a ignorância tende sempre a prevalecer...
Noutro assunto, aparenta que a neve vai chegar a Portugal, e a zonas pouco convencionais... Aparentemente. Mesmo que tal não suceda, toda a gente já sente o frio pouco vulgar, mesmo nesta época do ano, "famosa" pelo seu "briol". Na minha opinião, trata-se de um aviso a algo que irá acontecer inevitavelmente, que provavelmente será a mudança do clima para mais uma época glaciar, tal como ocorreu á já alguns milhares de anos. Lembro, no entanto, que este tipo de clima é potencializado pelo aquecimento global antes da "glaciação", e que esta ocorre como uma medida natural do nosso planeta numa tentativa de estabilizar a temperatura. O que me incomoda no meio de tudo isto é simples. A temperatura subiu vertiginosamente devido a gases como o metano e o dióxido de carbono.... Será que nas anteriores épocas glaciares estes gases existiam na atmosfera? O que será que se sucedeu ? Infelizmente, estou com um grave pressentimento que vamos viver quanto baste para descobrir ....
Links:
(Expresso - Pombo Trocaz)
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/490973
(Expresso - Neve)
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/490991
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Palhaçadas do Inicio do ano
"Trata-se de um documento que quantifica o desempenho energético e a qualidade do ar interior de um edifício."
Muito bem, pensam os leitores, um certificado que cuida do ambiente!! Será mesmo? Duvido. Comecemos logo pelos métodos e critérios de avaliação. Como é que se avalia a qualidade do ar interior de um edifício? Desculpem-me a ignorância, mas não estou a ver um cão a cheirar o ar e a dizer: "Cheirinho a carne, leva A+!".... Já os critérios energéticos já bem que aparentam ser mais simples. Uso de lâmpadas económicas, classe do frigorífico, etc... Tudo conta. Nada a dizer a este nível.
Segundo Passo. Financeiramente, como é que isto funciona? Bem, Se falhar-mos com o certificadozinho, paga-se a multazinha... e nada feito. Normal. Agora a certificação é que promete. Pelo que compreendi (e desculpem a compreensão limitada devido á minha débil saúde) a certificação varia entre ... 45€ + 250€ ( + IVA) + honorários do perito certificador. Ou seja, por volta dos 300 / 400 € para obter um certificado. E tudo isto para .... obter um certificado com que utilidade? Vejamos:
"A certificação energética permite aos futuros utentes de um dado imóvel obter informação sobre o respectivo consumo de energia."
Sim, é verdade. Este certificado serve para rigorosamente.... NADA. Ou melhor, serve para nós, contribuintes que não trabalhamos que chegue para alimentar estes palhaços todos, pagarmos ainda mais para algo que não nos serve de praticamente nada. Enfim, e assim vão as coisas neste pais.
Num pequeno aparte, chegou-me ás mãos uma noticia que achei no mínimo... cómica. A industria pornográfica a pedir ajuda ao governo dos EUA ? Não pude deixar de chorar a rir. Para mim, este gesto prova, por um lado, o quanto o marketing pode publicitar as revistas ou empresas envolvidas, de um método ou de outro. Por outro, também prova o quão ridículo é as empresas dependerem do estado seja para o que for. Quase como uma "Barca de Noé", em que está tudo a afundar-se e tenta tudo entrar. Ainda a este propósito, lembro-me também, ironicamente, dos bancos portugueses que ainda há pouco tempo fizeram o mesmo, através de um fundo qualquer disponibilizado pelo governo. Já vão longuinquos os tempos em que se labutava dia e noite para ter a comida na mesa...
Links:
(Expresso - Certificado)
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/490475
(Diário Económico - Pornografia)
http://www.economico.pt/noticias/reis-da-pornografia-querem-apoio-financeiro-do-congresso_533.html
3 grandes democratas
Leia este post, caro leitor e ficará a saber! Aviso-o que terá aqui revelações incríveis!
Vamos começar por fazer a apresentação destes 3 grandes lutadores da democracia - eu diria mesmo mais (como os Dupond e Dupont): 3 grandes lutadores pela liberdade de imprensa e de comunicação. Da cima temos Joseph Goebbels, Mohammed Saeed al-Sahhaf e Augusto Santos Silva.
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
As manobras "ocultas" de Sócrates
De facto, os Portugueses gostam de quem mande, de quem tenha pulso firme, de quem se mostre "musculado" no poder que exerce ... De quem "fale grosso" e seja autoritário ... Afinal, isso é que é bom: e Pinto de Sousa percebeu isso ...
É extraordinário como o poder faz com que as pessoas se alucinem: Sócrates (ou melhor: José Pinto de Sousa - guardemos respeito ao grande filósofo) sente-se quase compelido - nesta hora tão funesta - a salvar a pátria da "maior crise económica que conhecemos" (se estudasse história - não dá jeito ver o que os outros fizeram, não vão as comparações ofuscar o "verniz postiço" do "Primeiro-Ministro de Alfama" - saberia, por exemplo, que a crise de 1929 teve como resposta o "bom investimento público" - no "New Deal" de Roosevelt - realizado em barragens, vias de comunicação, serviços centrais e equipamentos de base). Alguém vê Sócrates preocupado com a interioridade? A apostar no transporte ferroviário? Ou a construír equipamentos que possam contrariar a preocupante tendência do êxodo rural? Ou a apelar a apoios sociais aos casais que se decidam fixar no interior? NÃO: é muito melhor lançar grandes campanhas publicitárias sobre a construção de auto-estradas que não se sabe como, nem quando serão concluídas ...? Quando se é tacanho, só se vê Otas (Alcochete "jamais"!), TGV's (com um belíssimo "Alfa Pendular" para reduzir uma viagem Porto-Lisboa em cerca de meia-hora) e obras faraónicas ... e os estudos "farónicos" para estas obras (felizmente ainda) virtuais pagos principescamente ...
Concluo apenas com uma certeza: as maquinações socráticas passam cada vez mais pela antecipação das eleições legislativas (fonte do insuspeitíssimo DN de hoje: http://dn.sapo.pt/2009/01/06/nacional/socrates_exclui_antecipacao_legislat.html) com o objectivo de tentar "forçar" uma vitória eleitoral (isto mesmo era confirmado na edição do "Diabo" de 16 de Dezembro por António Costa Pinto e Carlos Abreu Amorim). Sócrates sabe que o PSD é um partido com forte implantação autárquica em Portugal (detém, largamente, a maioria das autarquias) e não vai querer - não vá o diabo tecê-las na "hora da verdade"! - fazer coincidir as eleições legislativas com as autárquicas (na entrevista de ontem afirmou que "as dinâmicas eleitorais locais são diferentes das nacionais").
Só me admira como a nossa oposição assiste, alegremente, a este "circo" degradante e dá tanta margem ao senhor Pinto de Sousa ... Penso que devem gostar de sentir o cheiro do poder ao longe e não devem querer lá chegar ... Ou porque fariam a mesma política "castradora", ou porque preferem o "bloco central de interesses", que lhes garante umas panelinhas de vez em quando ...
Temos o que merecemos: no Governo e na Oposição
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Um país de opereta ...
Os Portugueses ainda se prostram junto da "caixinha mágica" - numa verdadeira "romagem dos agravados", pegando no título vicentino - para tentarem "sacar" alguma coisa de novo ao actual primeiro-ministro de Portugal, o senhor Pinto de Sousa.
Como pode "pensar" alguma coisa quem não tem uma ideia de futuro para este "cantinho"?
Talvez hoje tenha usado fato Pierre Cardin e sapatos Armani, ou quiçá uma fabulosa "écharpe" Dior ... Agora ideias para o país não sei ... Aquilo que vejo é uma toada muito defensiva, um jogo apertado - muito próximo do "ferrolho"
Devo dizer-vos que não vi o debate - prezo-me de escolher bem os programas que vejo - já que considero que ia perder o meu rico tempo a tentar desmontar 80% do conteúdo do discurso do senhor Sousa. Aliás, houve quem já o tivesse feito e parece que a entrevista não foi sobre Portugal (http://blasfemias.net/2009/01/05/socrates-4/) ... foi sobre a "terra do nunca" onde pontifica essa eminência parda que é o "Primeiro-Ministro de Alfama" ...
Pelo amor de Deus! Somos um país de opereta ...
domingo, 4 de janeiro de 2009
O cancro da corrupção
Numa interessante entrevista na edição de 16 de Dezembro do Jornal "O Diabo", o militante socialista Henrique Neto considerava a corrupção como "o maior cancro que o sistema não quer combater". Julgo que uma parte importante dos nossos políticos (de todos os quadrantes, uns mais, outros menos) - ao contrário do que possamos pensar - não está minimamente interessada em resolver esta verdadeira "instituição nacional", já que, com o desinteresse da população em geral pela política, conseguem, mais facilmente executar as suas manobras estratégicas como o controlo de bancos, de grandes empresas e da comunicação social ...
Recordo apenas que, nestes últimos anos, assistimos a uma dança de cadeiras nas direcções-gerais do Estado (um dos nossos grandes problemas, na minha opinião, que Henrique Neto também corrobora na mesma entrevista) e nas grandes empresas públicas, ora com PS's, ora com PSD's, ora com CDS's. Creio que são casos demais para se tratarem (todos) de coinciências ...
Vejamos o caso de Carlos Santos Ferreira, que troca a presidência do maior banco público - a Caixa Geral de Depósitos (CGD) - pela liderança executiva (numa verdadeira "opa informal" do Estado, não digam que não ...) do maior banco privado português: o Millenium BCP (levando com ele o seu "braço direito" no marketing e informação da Caixa, o nosso bem conhecido Armando Vara - claramente escolhido pela sua larga e vasta experiência na área do "marketing", claro). Mas não é tudo ... Lembram-se do homem que dizia que "quem se mete com o PS leva ..." - Jorge Coelho: é hoje o líder da Mota-Engil, uma das maiores empresas de construção civil do espaço ibérico ... E Fernando Gomes? O ex-edil portuense - muito conhecido pela sua experiência no trabalho com petróleos (talvez por ser abastecedor de automóveis ... quem sabe?) - é nomeado administrador da GALP (empresa independente, pois claro ...)
Recordo igualmente o escandaloso caso Vítor Constâncio - o homem que falhou, sucessivamente, enquanto responsável pela regulação do sector bancário nos casos BPN e BPP e que teve a
distintíssima lata de dizer que estava a ser "politicamente perseguido" ... Claro, uma perseguição deve ter sim na sua conta bancária, perseguida (e precedida) pela sua reputação de ser o terceiro governador de Banco Central mais bem pago do mundo! Tendo apenas concorrência do líder do Banco Central de Hong Kong e de Itália - num país que, claro, pode dar-se ao luxo de viver à tripa forra e pagar lautos vencimentos a estes senhores ... Que vergonha! Que nojo!
Mas não se pense que apenas do lado socialista se passam estas "negociatas" ... Concentremos agora a nossa atenção no campo social democrata: lembram-se dessa eminência parda, qual comentador de ocasião, que é o Engenheiro Mira Amaral? Lembram-se que no período dos governos PSD-CDS (grosso modo 2002-2004, com um brevíssimo interlúdio em 2005) este homem era o líder da Caixa Geral de Depósitos? Pois na sua saída do cargo teve o privilégio - não nos esqueçamos que esteve a servir a pátria em altos serviços, claro ... - de saír com uma choruda reforma (que acumulará, decerto, pelo menos em parte, com as suas anteriores funções de governante e outras prebendas ...) que acumula com cargos no sector privado que lhe foram (a ele como a muitos) proporcionados, sobretudo, pelo seu cartão partidário ... O mesmo aconteceu - no caso da CGD - com Vítor Cruz, Celeste Cardona ... São as chamadas "reconversões" políticas das empresas públicas
Mas, afinal, prezados amigos e concidadãos, nada disto nos deve surpreender: grande parte destes nomes de que vos falei sentaram "o seu rabinho" no Parlamento, onde aprovaram leis que agora lhes permitem esta impunidade e este desplante ... A Política deixou de ser um serviço pela "polis" e passou a ser um serviço apenas de alguns
A esses senhores só lhes posso dizer "sit tibi terra levis" ...
sábado, 3 de janeiro de 2009
Sociedade (II/II)
O Enterro das Ideologias
A degradação da nossa democracia
2009 .... não começou bem.
A Francesinha e o Croque-monsieur
Pessoalmente, sempre achei que a preguiça é a mãe de todas as vitudes. Afinal de contas, sem preguiça não havia maquinas de lavar e secar, computadores, carros e, no caso português, MultiBanco e ViaVerde. Mas tanta preguiça também é demais, cum catano! Como se justifica que tão pouco riqueza tenha sobrado de um dos impérios mais ricos da História?
Os portugueses queixam-se muito mas fazem muito pouco para mudar o estado das coisas. Sim, porque greves não chegam nem são uma panaceia para os problemas do país. Portugal não é mais pequeno que a Suiça, que Belgica, ou Luxemburgo (!), não são mais estupidos que os outros (mas realmente precisamos de mudar o nosso sistema de educação) e temos muita coisa para oferecer ao mundo.... como, por exemplo, a Francesinha.
Sim, a Francesinha, essa iguaria Nortenha que faz as delicias de miúdos e graúdos de todo o País. A Francesinha, baseada na sandwich francesa
Croque-monsieur, é um bom exemplo do que está mal neste país. Os franceses conseguiram estabelecer uma imagem mundial de qualidade e vendem fora de fronteiras as suas sandwiches, a sua roupa, a sua aguinha del cano (de Evian), etc . Os portugueses têm de fazer o mesmo: não precisamos de produtos melhores do que ja temos, precisamos é de pôr mãos à obra e criar uma imagem de marca la fora. Porque afinal, a Francesinha até é bem superior ao Croque-monsieur.
Eles falam, falam, falam...ou por outro lado não falam...
Um pato ortografico
O acordo ortográfico Português é inedito na nossa história e no mundo por obrigar o pais de origem da lingua a adaptar-se a maneira de falar e escrever da ex-colónia. O facto de Portugal perder o controlo da sua propria lingua é, na minha opinião, razão suficiente para nos sentirmos preocupados. Então, andamos nos durante quase 900 anos a dar porrada em castelhano-lenoses, mouros, espanhois, franceses e a proteger o nosso direito à independência e identidades nacionais para agora vir este ridículo pacto (perdão... pato ) ortográfico para deitar por terra uma importante parte dessa cultura.
Não me interpretem mal, não me oponho à evolução da nossa lingua, muito pelo contrario; umas das principais razões porque sou contra este acordo ortográfico é porque penso que em última analise irá ser, precisamente, um entrave ao natural progresso da Lingua Portuguesa. Reparem, no exemplo do pato, que ganhou e perdeu a cariz insultuosa, não devido a um qualquer acordo ortográfico mas sim à forma como as pessoas que realmente falam a lingua passaram a usar essa palavra. Pelo contrário, este acordo introduz mudanças artificiais à lingua. Se é verdade que em varias palavras o c é mudo (pelo que na pratica não será notada a diferença), também é verdade que as palavras pacto e pato ( ou facto e fato) não são homofonas, e os portugueses (ao contrário dos brasileiros) lêem de facto (perdão, de fato) o c.
Mas o problema parece mais profundo que isto. Efectivamente, as alterações na lingua acabam por ser pequenas e, como varias pessoas já sugeriram, em pouco tempo nos habituaremos à nova forma de escrever. No entanto, na minha opinião o verdadeiro problema está no facto de o Portugues e o chamado Portugues do Brasil terem, mais tarde ou mais cedo, de se tornarem linguas distintas. E esse momento parece-me ser agora!!Tenho muito orgulho na minha lingua e gostaria que um país com o tamanho do Brasil a falasse. Mas, na verdade, eles ja não o fazem: o que se fala e escreve no Brasil muito dificilmente se pode chamar Português.
O Brasil já existe há 500 anos, e desde essa época (devido à separação geográfica e à independência do pais), a nossa lingua tem evoluído de forma distinta nos dois paises. Se chegamos ao ponto de precisarmos de um acordo ortográfico, penso que deveriamos comecar a pensar em dar a independência linguistica ao Brasil ( e em devolvermos o Portugues a Portugal).
P.S.: A separação das linguas teria o efeito benéfico de finalmento termos páginas da wikipedia
num portugues correcto e perceptivel